Mensagem de boas vindas

Olá e seja bem vindo ao blog Mecatrónica para todos.
"Facilitando a vida do estudante angolano"...

Traduzir esta página / Translate this page

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Junção PN




Denomina-se junção PN a estrutura fundamental dos componentes electrónicos comummente denominados semicondutores, principalmente diodos e transístores. É formada pela junção metalúrgica de dois cristais, geralmente silício  (Si) e (actualmente menos comum)  Germânio  (Ge), de natureza P e N, segundo sua composição a nível atómico. Estes dois tipos de cristais são obtidos ao se dopar cristais de metal puro intencionalmente com impurezas, normalmente algum outro metal ou composto químico.

Silício puro ou intrínseco


Os cristais de silício são formados a nível atómico por uma estrutura cristalina baseada em ligações covalentes que se produzem graças aos 4 electrões de valência do átomo de Silício. Cabe também mencionar as lacunas que são o lugar deixado pelo electrão quando abandona a camada de valência e torna-se um electrão livre, isto é o que se conhece com pares electrão - lacuna e sua criação se deve à temperatura segundo as leis da termodinâmica. Em um semicondutor puro (intrínseco), à temperatura constante, a densidade de lacunas (P) é igual à densidade de electrões livres (N)

É possível calcular a densidade (concentração) de electrões livre ni em um semicondutor intrínseco, em função da temperatura T  (em Kelvin), pela seguinte expressão.


Onde:
é a constante de Boltzmann;
o valor do gap de energia, que é a energia necessária para retirar um electrão de uma ligação covalente.

Silício extrínseco (tipo-P)

Um semicondutor tipo-P é obtido através do processo de dopagem, adicionando-se um certo tipo de composto, normalmente trivalente, isto é, com 3 electrões na camada de valência, ao semicondutor para aumentar o número de portadores de carga livres (neste caso positivas, lacunas). O boro é um elemento que pode ser usado na dopagem do silício, formando um semicondutor tipo-P.

O propósito da dopagem tipo-P é criar abundância de lacunas. No caso do silício, uma impureza trivalente deixa uma ligação covalente incompleta, fazendo que, por difusão, um dos átomos vizinhos ceda-lhe um electrão completando assim as suas quatro ligações. Assim os dopantes criam as lacunas. Cada lacuna está associada com um ião próximo carregado negativamente, portanto o semicondutor mantém-se electricamente neutro. Entretanto quando cada lacuna se move pela rede, um protão do átomo situado na posição da lacuna se vê "exposto" e logo se vê equilibrado por um electrão. Por esta razão uma lacuna comporta-se como uma carga positiva. Quando um número suficiente de aceitadores de carga é adicionado, as lacunas superam amplamente a excitação térmica dos electrões. Assim, as lacunas são os portadores maioritários, enquanto os electrões são os portadores minoritários nos materiais tipo P.

Silício extrínseco (tipo-N)

Um semicondutor tipo-N é obtido através do processo de dopagem em que se adiciona um composto, normalmente pentavalente, isto é, com 5 electrões na camada de valência, ao semicondutor para aumentar o número de portadores de carga livres (neste caso negativos,  electrões livres). O fósforo é comummente utilizado como dopante doador do silício, formando um semicondutor tipo-N.

Quando o material dopante é adicionado, este aporta seus electrões mais fracamente ligados aos átomos do semicondutor. Este tipo de agente dopante é também conhecido como material doador já que cede um de seus electrões ao semicondutor.

O propósito da dopagem tipo N é o de produzir abundância de electrões livres no material. Para ajudar a entender como se produz a dopagem tipo N considere-se o caso do silício (Si). Os átomos do silício têm uma valência atómica de quatro, portanto forma-se uma ligação covalente com cada um dos átomos de silício adjacentes. Se um átomo com cinco electrões de valência se incorpora à rede cristalina no lugar de um átomo de silício, então este átomo terá quatro ligações covalentes e um electrão não ligado. Este electrão extra dá como resultado a formação de electrões livres, o número de electrões no material supera amplamente o número de lacunas, neste caso os electrões são portadores maioritários e as lacunas portadores minoritários. Pelo fato de que os átomos com cinco electrões de valência têm um electrão extra para "dar" eles são chamados átomos doadores.

Barreira interna de potencial

Ao unir ambos os cristais, manifesta-se uma difusão de electrões do cristal N ao P. Ao se estabelecer estas correntes aparecem cargas fixas em uma zona em ambos os lados da junção, zona que recebe a denominação de barreira de potencial.

A medida que progride o processo de difusão, a zona de carga espacial vai aumentando sua largura aprofundando-se nos cristais em ambos os lados da junção. A acumulação de iões positivos na zona N e de iões negativos na zona P, cria um campo eléctrico (E) que actuará sobre os electrões livres da zona N com uma determinada força de deslocamento, que se oporá à corrente de electrões e terminará por detê-los. A criação de iões positivos na zona N (e negativos na zona P) deve-se que as impurezas N são pentavalentes, logo ao cederem o seu electrão, há mais protões que electrões criando assim um ião positivo, da mesma maneira que a impureza P trivalente, ao ganhar um electrão fica carregada negativamente pois fica com excesso de electrões relativamente aos protões.

Este campo eléctrico é equivalente a dizer que aparece uma diferença de tensão entre as zonas P e N. Esta diferença de potencial de contacto  (V0) é de 0,7 V no caso do silício e 0,3 V se os cristais são de germânio.

Polarização directa da junção P-N


Para que um díodo esteja polarizado directamente, temos que conectar o pólo positivo da bateria ao ânodo (zona P) do díodo e o pólo negativo ao cátodo (zona N). Nestas condições podemos observar que:
  1. O pólo negativo da bateria repele os electrões livres do cristal N, de maneira que estes electrões se dirigem à junção P-N.
  2. O pólo positivo da bateria atrai os electrões de valência do cristal P, isto é equivalente a dizer que empurra as lacunas para a junção P-N.
  3. Quando a diferença de potencial entre os bornes da bateria é maior que a diferença de potencial na zona de carga espacial P, os electrões livres do cristal N, adquirem a energia suficiente para saltar até as lacunas do cristal P, as quais previamente foram deslocadas para a junção P-N.
  4. Uma vez que um electrão livre da zona N salta à zona P atravessando a zona de carga espacial, cai em uma das muitas lacunas da zona P convertendo-se em electrão de valência. Uma vez que isto ocorre o electrão é atraído pelo pólo positivo da bateria e se desloca de átomo em átomo até chegar ao final do cristal P, através do qual introduz-se no fio condutor e chega à bateria.

Neste caso, a bateria diminui a barreira de potencial da zona de carga espacial (cedendo electrões livres à zona N e atraindo electrões de valência da zona P), permitindo a passagem da corrente de electrões através da junção; isto é, o díodo polarizado directamente conduz a electricidade.

Polarização inversa da junção P-N

Neste caso o pólo negativo da bateria é conectado à zona P e o pólo positivo à zona N, o que faz aumentar a zona de carga espacial, e a tensão nesta zona até que se alcança o valor da tensão da bateria.

O pólo positivo da bateria atrai os electrões livres da zona N, os quais saem do cristal N e se introduzem no condutor no qual se deslocam até chegar à bateria. A medida que os electrões livres abandonam a zona N, os átomos pentavalentes que antes eram neutros, ao verem-se desprendidos de seus electrões no orbital de condução, adquirem estabilidade (8 electrões na camada de valência, ver semicondutor e átomo) e uma carga eléctrica líquida de +1, o que os faz converterem-se em iões positivos.

O pólo negativo da bateria cede electrões livres aos átomos trivalentes da zona P. Recordemos que estes átomos só têm três electrões de valência, e uma vez que tenham formado as ligações covalentes com os átomos de silício, têm somente 7 electrões de valência, sendo o electrão que falta denominado lacuna.  Acontece que quando estes electrões livres cedidos pela bateria entram na zona P, caem dentro destas lacunas com o que os átomos trivalentes adquirem estabilidade (8 electrões em seu orbital de valência) e uma carga eléctrica líquida de -1, convertendo-se assim em iões negativos.

Este processo se repete e de novo até que a zona de carga espacial adquire o mesmo potencial eléctrico da bateria.

Nesta situação, o díodo não deveria conduzir a corrente; não obstante, devido ao efeito da temperatura formam-se os pares electrão - lacuna em ambos os lados da junção produzindo-se uma pequena corrente (da ordem de 1μA) denominada corrente inversa de saturação. Além disso existe também uma corrente denominada corrente superficial de fugas a qual, como o próprio nome indica, conduz uma pequena corrente pela superfície do díodo; já que na superfície, os átomos de silício não estão rodeados de suficientes átomos para realizar as quatro ligações covalentes necessárias para obter estabilidade. Este faz com que os átomos da superfície do díodo, tanto da zona N como da P, tenham lacunas em seus orbitais de valência e por isto os electrões circulam sem dificuldade através deles. Não obstante, assim como a corrente inversa de saturação, a corrente superficial de fugas é desprezível.

Esta imagem da uma ideia de como e a curva característica da junção PN
Fonte: Wikipédia

Ver também:

Sem comentários:

Enviar um comentário